O computador de papelão da Via que custa US$ 100
Longe da loucura dos pavilhões de exposição da Computex, escondida em um aconchegante café perto do Taipei 101, a Via Technologies montou uma pequena bancada com computadores e protótipos baseados na Rock, placa pequenininha da APC, uma marca da Via, que roda Android e é a base do APC Paper, um computador de papelão. Se chover, ele umedece e estraga? Escapamos da Computex para ver essa maluquice de perto.
Antes de chegar ao local, tinha na cabeça que o Paper fosse algo frágil, quase uma curiosidade tecnológica. Daquelas que entram para a lista de bizarrices das grandes feiras, ponto. Afinal o papelão mais comum, que a gente vê por aí, é simples, não dura muito, aguenta no máximo o transporte pesado dos processos de entrega das lojas — e olhe lá. Minha ingenuidade não conseguiu prever o material mais refinado, rígido e com um aspecto seguro, composto de papelão reciclado condensado, que estava prestes a ver.
Ele é realmente pequeno, tem praticamente as dimensões da placa, que é uma versão levemente modificada — sem saída VGA — da que é vendida desde janeiro, com grande foco em desenvolvedores e entusiastas. A tampa, que se abre como se fosse um livro, possui dois imãs que ajudam na fixação e passam firmeza, na medida certa, para o conjunto. A comparação com um livro é inevitável: está ali, também, a lombada e nas laterais mais estreitas, o acabamento escovado fecha o formato. Onde um leitor folhearia um livro ficam as conexões da placa.
Em termos de especificações, eis os números: a Rock, nome da placa, tem um processador Via ARM Cortex-A9 de 800 MHz, 512 MB de RAM DDR3, 4 GB de memória interna e é capaz de executar vídeos em Full HD. Na disponibilidade de portas, a oferta é boa: HDMI, RJ-45, duas USB 2.0, áudio (microfone e fone) e slot para cartão microSD. O sistema usa uma versão modificada do Android 4.0. A Via trabalhou em acrescentar um (bom) suporte a dispositivos de entrada e saída, no caso, mouse e teclado. Isso significa, também, que atualizações para o Jelly Bean ou outras versões futuras do Android são incógnitas — Michael Fox, da Via, disse que o foco está em otimizar o Ice Cream Sandwich.
O Paper navega na web, roda vídeos, tudo numa boa. Não mexi tempo suficiente para dizer se o desempenho é completamente satisfatório. Mas, para navegação parece ok, e se a ideia é vendê-lo como uma solução compacta para media center, navegação leve, tarefas rotineiras, não é preciso ir muito longe mesmo.
O APC Paper será lançado no terceiro trimestre, nos EUA, por US$ 99. A placa que lhe serve de base, a APC Rock, já está disponível desde janeiro, custa US$ 79. A Via tem fomentado o desenvolvimento em torno dela com alguns eventos e, deles, surgiram algumas coisas em exposição ali, como um monitor de aquários e um player de música por streaming com acabamento em madeira.
Perguntei se o Brasil estava nos planos, e recebi um “não” para o Paper, mas dois “sim” interessantes. Um deles sobre a Rock: a plaquinha chega no terceiro trimestre para integradores e deve ter seus primeiros frutos (leia-se produtos comerciais) disponibilizados até o fim do ano. Outro, para o all-in-one que estava ali, basicamente um monitor com a Rock integrada. A ideia, ao que tudo indica ainda em estágios preliminares, é de fornecer a placa (com o Android, obviamente) como uma opção para Smart TVs baratíssimas de olho na Copa. E isso pode funcionar, na real, graças à combinação de três fatores muito populares por aqui: Android, preço baixo e futebol. Pode funcionar
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