É muito fácil perceber que avanços tecnológicos mudaram totalmente a forma de trabalho nas últimas décadas. Até pouco tempo atrás era necessário utilizar máquinas de escrever para ter qualquer conteúdo digitado, algo que hoje é totalmente impensável.
Algo que antes exigia o envio de cartas e telegramas, hoje é feito com pouquíssimos toques na tela. Em segundos você pode se comunicar com qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. No entanto, não é só na velocidade e praticidade que a tecnologia alterou formas de trabalho: a mobilidade abriu muito espaço tanto para as empresas quanto para os funcionários, inclusive criando novas funções e formas de trabalhar.
O escritório agora é o mundo
Empregos que permitem aos trabalhadores realizarem suas tarefas de qualquer lugar estão a cada dia mais comuns. Desde funções que exigem mobilidade até trabalhos que apenas não precisam de um endereço físico, as empresas passaram a dar mais liberdade para seus funcionários e, consequentemente, também acrescentam mais possibilidades em seu desempenho.
Atualmente, funções nos campos de pesquisa, vendas, redação, jornalismo, entre outras, não acrescentam em nada ao prender funcionários dentro de escritórios. Ao contrário: as empresas estão percebendo que o gasto com aluguel, luz, condomínio, água etc é um investimento desnecessário, já que em grande parte dos casos, os trabalhadores já utilizam apenas de meios digitais para tomar decisões, como emails, comunicadores instantâneos e sistemas de gerenciamento.
Reuniões esporádicas podem ser feitas em um espaço reduzido (e até mesmo em salas alugadas), o que faz com que custos se reduzam drasticamente. Em entrevista ao site ArsTechnica, o advogado Tome Chad Burton explica como o trabalho remoto tem otimizado as funções em seu escritório.
No Burton Law, em Ohio, todos os membros da equipe trabalham remotamente. Burton ainda amplia o cenário e diz que ele dificilmente utiliza um computador para as tarefas do dia a dia. “Minhas três principais ferramentas de trabalho são o meu iPhone, iPad, e um Moleskine com integração com o Evernote” Para ele, a grande vantagem nisso fica em “criar seu próprio fluxo de trabalho, independentemente do lugar em que se está”.
As novas gerações e suas formas de trabalhar
“Eu rendo melhor durante a noite”. Quem nunca ouviu, ou até mesmo repetiu essa frase? Trabalhos que exigem o exercício da criatividade ou raciocínio são, sem dúvidas, melhores executados pela maior parte das pessoas sem um horário específico. Nem sempre a pessoa está de bom humor ou tranquilo o bastante para realizar tarefas que exijam o máximo do intelecto exatamente entre as 8h até às 18h.
A criatividade não tem hora para acontecer. Burton concorda com essa ideia. “Eu sou um madrugador. Eu tenho ideias às quatro da manhã, começo a trabalhar e eu posso continuar com isso pelo resto do dia”, diz ele. Mas ele está longe de ser um entre alguns casos raros.
Segundo pesquisas das Amcham (Câmara Americana de Comércio), pessoas da geração Y (nascidas entre o final da década de 80 até o começo dos anos 2000), são mais atraídas por funções em que o horário de trabalho seja flexível – e isso é otimizado em funções que sejam executadas de maneira remota, permitindo que o trabalho seja feito fora do horário comercial.
A mobilidade a favor dos negócios – e, às vezes, contra a vida pessoal
Enquanto todo o discurso de mobilidade e liberdade geralmente acabam apenas como falas, algumas empresas já investem em processos de trabalho que usam ao máximo a tecnologia móvel para que funcionários tenham seus escritórios montados em qualquer lugar, a qualquer hora.
A Forrester Research vem acompanhado de perto a ampliação de trabalhos com função móvel e a forma como isso melhora o desempenho de trabalhadores. Neste ano, em seu relatório anual Mobile Workforce Adoption Trends (algo como “Tendências de Adoção Móvel para Forças de Trabalho), a empresa destaca uma série de observações sobre as ultimas mudanças em diversas áreas.
“Lá se vão os dias em que os funcionários utilizavam um simples conjunto de ferramentas para trabalhar. No mundo de hoje, a qualquer hora, em qualquer lugar é possível trabalhar. Os funcionários usam os dispositivos que forem mais convenientes: desktop em casa, laptop ou tablet em uma reunião com o cliente, ou smartphone em qualquer lugar”.
No entanto, a resistência de alguns profissionais e empresas ainda impedem que a tendência cresça de forma veloz. A pesquisa da Forrester feita com 9.766 profissionais da área de comunicação em 17 países aponta que 84% dos entrevistados ainda precisam utilizar desktops ao menos uma vez por semana.
Ao mesmo tempo em que isso é uma enorme vantagem para as empresas, pode não ser uma boa ideia para quem não consegue organizar uma rotina de trabalho. Para quem não sabe controlar sua produção de forma autônoma, isso pode criar um alongamento do dia de trabalho, fazendo com que se trabalhe mais do que em um escritório com horários fixos.
Obstáculos do mundo portátil
Embora os notebooks já sejam uma ótima opção para quem quer trabalhar de longe do escritório, a mobilidade total ainda é vista com certa resistência. Segundo TJ Keitt, analista da Forrester, isso se deve a algumas limitações de tablets e smartphones.
“Para a grande maioria dos funcionários, o que está disponível em um tablet ou um telefone ainda não se compara com o que está disponível em um computador ou de um PC”, diz Keitt. Alguns especialistas defendem que a Microsoft anda na contramão do mercado, buscando exatamente esse nicho que está a ponto de explodir.
Versões comprimidas do Windows 8 já são capazes de efetuar grande parte das coisas que alguém faria em um computador de mesa e isso tende a aumentar. Com isso, no mundo dos negócios, tablets com outros sistemas que não sejam o Windows estão fadados a ficarem de fora, caso não se adaptem aos novos métodos de trabalho das empresas.
Mesmo aplicativos que permitem a utilização de documentos de pacote Office geralmente não conseguem entregar todas as funcionalidades oferecidas pela Microsoft. No entanto, nem mesmo o sistema móvel da Microsoft pode agradar a todos.
Diversos programas de produtividade, gerenciamento de projetos, controle, entre outros não contam com versões móveis disponíveis e isso pode ser um problema para grandes empresas. É claro que essas dificuldades devem diminuir a cada dia com a criação de novas plataformas, novos apps e novos gadgets. E também é certo dizer que essa tendência está apenas começando e dificilmente alguns empecilhos tecnológicos serão capazes de frear os benefícios oferecidos pela flexibilidade do trabalho remoto.
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